sexta-feira, 23 de julho de 2010

Capitulo 06 – Novo Tormento

Minha cabeça girava, enquanto a estranha euforia dominava meu corpo, o que estava acontecendo? Olhei para o lado e vi somente borrões vermelhos, comecei a ficar sem ar, o meu corpo começou a queimar e comecei a gritar.

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – a dor era insuportável, e eu sentia como se ácido corresse em minhas veias!
- Venha Sara, eu sei o que está acontecendo – Tom disse me carregando para um local distante que eu não conseguia distinguir. – Você tem a possibilidade de sair deste sofrimento facilmente Sara, basta que você beba – ele então me mostrou várias mulheres deitadas em um chão de terra vermelha. Várias se beijavam e outras se mastigavam e se arranhavam – Apenas vá – ele disse com tristeza nos olhos.

Eu estava pelo jeito no circulo da luxuria do inferno, eu me sentia mal com a situação mas o cheiro de sangue começou a me atrair cada vez mais. Fui caminhando enquanto me despia automaticamente. As mulheres arranhavam minha carne e o sangue escorria da minha pele branca enquanto a ferida se fechava novamente.

Caminhei ate o centro e várias mulheres de etnias e idades indetermináveis se aproximavam de mim. No começo me beijavam e acariciavam meu corpo, mas logo este ritmo foi alterado e elas começaram a me morder, rasgando pedaços da minha carne. A dor era intensa mas prazerosa, e um instinto antes oculto tomou conta de mim, e enquanto uma delas beijava meu pescoço eu me virei e a mordi na jugular. O sangue escorria quente pela minha garganta e eu sentia um prazer enorme com aquilo. Rapidamente fui trocando de pescoço e entrei em um frenesi que me tirou a consciência.

Acordei deitada em volta de centenas de cadáveres. Toda lambuzada de sangue, me sentia alimentada e com preguiça, mas meus instintos estavam apuradíssimos.

- Tom? Tommmmmmmmmmm? Tom cadê você?
- Estou aqui Sara – disse Tom caminhando devagar em minha direção.
- O que aconteceu?
- Você perdeu a guerra Sara, você não resistiu – ele me disse com uma cara triste.
- Como assim Tom, o que está acontecendo? Vamos logo sair daqui. Vamos embora! – eu disse assustada, segurando minhas lagrimas que com certeza derreteriam minha pele.
- Sara, me desculpe mas você não pode continuar... Sinto muito.
- Por favor me explique Tom, o que aconteceu?
- Você perdeu sua guerra interior, você se deixou levar pelo seu pecado, pela sua ira, ganância, dor e desespero.... Você esta se tornando um demônio Sara.
- Não estou Tom, estou aqui, estou consciente!
- Olhe a sua volta Sara! Você sugou o sangue de todas elas... Você sugou o pecado delas! A magia delas! Você sugou tudo!
- Mas eu estou bem! Não quero sangue, não ...
- Você não quer agora Sara, logo você se tornara um demônio, você terá o poder de um demônio e será escrava de Lúcifer. Eu não posso mais te ajudar Sara. Sua jornada ao meu lado acabou, e você voltara para seu velho tormento ou logo irá tornar-se um demônio também e tornara a eternidade de outras pessoas um tormento sem igual.
- Tom por favor, acredite em mim! Eu fiz tudo o que você me pediu, cumpri todos seus desejos e estou me esforçando para sair daqui, me ajude!
- Não posso mais Sara, você não sairá mais daqui! Apenas aceite seu tormento e sua culpa e aceite que você esta se tornando algo diferente. Eu estou partindo agora, levarei comigo o arco e as chaves que você estava carregando, apenas espere, os demônios já estão vindo para te levar. Adeus Sara. Espero que um dia você consiga sair daqui – ele então se virou e após dar três passos se transformou em um clarão e sumiu.

As lagrimas escorriam da minha face, queimavam meu rosto! E o cheiro da minha pele derretendo poluía ainda mais o inferno.
Onde eu errei? Porque quis tanto sangue assim? As perguntas eram muitas, mas eu só tinha certeza de uma coisa, não era o momento de chorar. Me levantei nua, e decidi que iria sair dali.

- Me escute.... me escute ... fale comigo – eu ouvi este murmúrio e me virei rapidamente procurando alguém, mas só enxergava os cadáveres das mulheres no chão – Você consegue me ouvir?
- Simmmmm estou ouvindo! – eu gritei – Quem é você? Onde você está? – disse olhando em volta – onde você esta como consigo ouvir você se não te vejo?
- Eu também não sei, estou ouvindo você em minha mente agora parece ser telepatia ou mediunidade, sei lá. Quem é você ?
- Eu sou Sara, você é quem? Pode me ajudar a sair daqui? – eu olhava ao redor procurando esta pessoa ou esta criatura, mas não encontrei ninguém, pelo jeito ele estava realmente se comunicando comigo por telepatia.
- Me chamo Léo Sara, de onde você fala?
- Como assim? – não consegui entender a pergunta no momento.
- Estou perguntando de onde você fala? Onde você está?
- Léo, eu estou morta! Estou no inferno!
- Você está... onde? Você disse no inferno? – ele disse incrédulo.
- Infelizmente sim.



Há 07 dias atrás, Leonard acordou cansado mais uma vez. Era horrível ter que dormir com tantos pesadelos atormentando sua mente. Ele tentava imaginar o que estava acontecendo, mas os pesadelos continuavam desconexos e sem explicação.
Ele se levantou da cama e se aproximou da janela do prédio grande que antes fora um grande Hotel, as pessoas na rua ainda podiam ver a sombra do antigo letreiro que antes mostrava o nome do hotel, Maksouth Plaza. Em 2013 o prédio foi comprado e foi transformado em um grande condomínio. Graças a uma herança de família e a ajuda de seu amigo Tiago, Leonard pode comprar um belo apartamento ali e aproveitou o dinheiro restante para abrir três pequenas empresas de telecomunicações que lhe sustentavam atualmente.

Leonard olhou o horizonte e pensou no porque estava passando por tudo aquilo justo agora, ele sempre foi sensitivo. Antigamente via vultos e tinha pequenas premonições, mas estas quase sumiram quando ele tinha 22 anos e agora com 25 anos tudo estava voltando, e cada vez mais forte.

- Eu deveria dar um tiro na minha cabeça... eu acho – ele sussurrou olhando seu reflexo na janela – devo estar ficando louco.

• Em um segundo ele viu um carro batendo em um ônibus, enquanto os carros escorregavam pelo asfalto em direção a um ponto de ônibus ele viu uma senhora de idade sendo esmagada pelo pára-choque do ônibus.

- Nãooooooooooooooo – ele gritou apoiando sua mão no vidro da janela – o que está acontecendo comigo? Estou tendo visões agora? Ou isso será algum tipo de premonição? – ele se perguntou enquanto enxugava uma gota de suor em sua testa.

O telefonou tocou na mesinha da sala e respirando profundamente ele atendeu.

- Oi Léo ta ocupado cara? – todos o chamavam apenas de Léo.
- Não Tiago estou tranqüilo, e você como anda as coisas?
- Tudo tranqüilo também, seguinte to te ligando para te pedir um favor.
- Fala ae – ele disse animado.
- Eu e meu primo estamos voltando para o Brasil daqui uma semana, mas já estamos despachando as malas,você pode pegar umas duas que chegam hoje a tarde para mim? E você guarda por ae que logo apareço para pega-las pode ser?
- Que aeroporto ?
- Congonhas, é só dar meu nome completo e do meu amigo que eles vão liberar para você.
- Espera ae vou anotar porque não lembro do nome de quase ninguém – ele abriu a gaveta da mesa do telefone e pegou um pequeno bloco de papel e uma caneta vermelha – pode falar.
- O meu é Tiago... Thoy... de Azevedo e do meu primo é Lucas... Rodrigo... de Azevedo, anotou?
- Sim cara está anotado! Eu vou hoje a tarde buscar ok ? Você deu sorte to com a tarde livre hoje.
- Eu sempre dou sorte pow! Hahahahahahaha.
- É sim, mas então daqui uma semana você ta de volta, é certeza?
- É certeza, mas não conta para ninguém, tenho umas coisas para resolver ae em segredo, você sabe como é né?
- Hahahahahahaha, você não presta cara!
- É meu fraco, fazer o que... hahahahaha.
- Ok, nos vemos semana que vem então, mais tarde busco suas malas. A gente se fala.
- Valeu cara, te devo uma!
- Você me deve varias Tiago, Põe essa na conta... hahahahaha.
- Até semana que vem Léo se cuida.
- Abraços, ate semana que vem.

Ele desligou o telefone mas sentiu uma sensação estranha, ele apenas ignorou.

Léo podia ir de moto ou carro até o aeroporto mas desistiu da idéia após ver o transito pela janela. Decidiu ir de taxi eles pareciam muito mais seguros para ele agora. Sem pensar duas vezes ele pegou sua jaqueta de couro preta e saiu do apartamento em direção ao ponto de taxi que ficava a uma quadra de distância do seu prédio, chegando a rua ele sentiu uma leve brisa que aqueceu seu coração e por alguns segundos sorriu.

Tudo aconteceu muito rápido, um ciclista corria pela Avenida Paulista e acabou atravessando o sinal vermelho, o carro que atravessava o sinal desviou do ciclista e bateu no ônibus que estava tentando parar no próximo ponto. Léo estava na direção do ônibus. Uma mulher idosa que estava esperando no ponto não teve tempo de sair da frente e ficou presa entre a estrutura de ferro do ponto e o pára-choque do ônibus.
Pessoas gritavam, outras corriam, e outras apenas sacavam seus celulares e filmavam a tragédia. Léo não conseguiu reagir e apenas ficou olhando a senhora presa entre as ferragens do ônibus, enquanto uma poça de sangue se formava embaixo de seus pés.

A movimentação foi parando lentamente, tudo começou a ficar em câmera lenta, e Léo apenas observava sem conseguir reagir, toda a cena congelará ninguém se mexia, o mundo parou e então ele viu. A senhora que estava presa no ponto de ônibus, se afastou das ferragens e agachou ao lado do ponto, nesta mesma hora um senhor vestido de terno branco apareceu e a ajudou a se levantar, a senhora olhou assustada em volta, mas após algumas palavras do senhor ao seu lado ela se acalmou e sorriu. Um brilho foi surgindo a antes de a claridade cegar-lhe ele percebeu que o senhor o olhava fixamente, lhe transmitindo uma estranha paz e conforto. A cena foi voltando a sua velocidade normal e então Léo percebeu que ainda estava de pé assistindo a toda aquela tragédia. O som das sirenes o acordaram de seu transe repentino, ele olhou para baixo e viu seu reflexo no sangue embaixo de seus pés. E após um leve suspiro começou a caminhar meio sem rumo.

- Eu só posso estar ficando louco! – as palavras saiam em um sussurro enquanto ele caminhava – TÁXI!

- Olá, onde o senhor deseja ir? – disse o taxista cordialmente.
- Ao aeroporto de Congonhas, por favor.
- O senhor está bem, parece um pouco, assustado.
- Eu acabei de presenciar um acidente de ônibus, aconteceu a duas quadras atrás daqui, ainda estou tentando digerir o que aconteceu.
- Qual seu nome rapaz? – perguntou o taxista ainda prestando atenção no trânsito.
- Leonard. Mas pode me chamar de Léo, ninguém acerta meu nome mesmo – ele disse sorrindo.
- Eu me chamo Thomaziel, mas pode me chamar de Tom, ninguém acerta meu nome também – disse o taxista gargalhando.
- Você acha que iremos demorar muito para chegar?
- Não, já estamos perto – o táxi fez mais umas 4 curvas e foi estacionando ao lado do aeroporto.
- Quanto ficou?
- Hum... – o taxista mexeu na maquina, e travou o taxímetro – deu R$ 28 reais.
- Aqui está, fique com o troco. Se quiser me aguarde, vou buscar umas bagagens e já volto.
- Ah hoje estou sem pressa, pode buscar a bagagem tranqüilo, eu te espero aqui – disse o taxista com um sorriso leve nos lábios.

Ao se virar, Léo teve um vislumbre dourado no olhar do taxista... ele balançou a cabeça como se quisesse afastar aquela visão e saiu andando, sem dar importância ao fato de que acabava de ver um anjo.

Ao entrar pelo aeroporto Léo teve uma sensação estranha, ele sentia como se as pessoas estivessem andando em um ritmo diferente. Era como se ele estivesse em um sonho, mas sem estar dormindo. Ele continuou caminhando e se sentiu levemente enjoado e desorientado e como que por instinto ele se sentou no primeiro lugar vago que achou. Ele sentia seu corpo quente e sua visão embaçada.

* Eu me alimentei bem hoje, será que estou doente? – ele pensou.

Então ele encostou a cabeça no banco e decidiu esperar que o mal-estar passa-se.
Aeroporto de Congonhas
Ele em pouco tempo se sentiu melhor e se levantou e logo percebeu que seu corpo estava mais leve. Caminhou lentamente em direção ao balcão de informações observando as cores do aeroporto de uma maneira que nunca havia reparado antes. Ao chegar ao balcão esperou que algumas pessoas que pediam informações se afastassem da atendente.

- Olá, onde fica o setor de bagagens da Air France? – a atendente o ignorou, nem olhando em sua cara – Por favor, onde fica o setor de bagagens? – novamente ele foi ignorado. Controlando a raiva para não maltratar a atendente ele respirou fundo e ficou ali parado, esperando que a mesma lhe desse um pouco de atenção.

- Oi camarada – disse um homem negro, vestindo um terno escuro se aproximando do balcão – está com dificuldades?
- Olá... sim estou com dificuldades, simplesmente estou sendo ignorado por está atendente – disse Léo apontando o dedo para a cara da morena com roupa social e cabelo preso em um coque.
- Creio que você não vai conseguir a atenção dela tão cedo meu amigo – disse o homem dando uma risada discreta.
- E porque eu não conseguiria?
- Hum.... - ele disse sorrindo - olhe ali – então o homem apontou em direção a cadeira onde Léo tinha se sentado há poucos minutos atrás, e lá estava seu corpo. Escorado na cadeira, totalmente relaxado com a cabeça de lado, em um sono profundo.

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