segunda-feira, 14 de junho de 2010

Capitulo 05 – A sete chaves

Caminhamos por horas em direção ao portão de ferro, e ele se tornava imenso a cada passo, tenho certeza que poderíamos prender o próprio diabo dentro daquele portão!
Mas percebi uma coisa que não me agradou em nada, depois de caminharmos por algum tempo o chão foi se transformando, a terra antes vermelha de sangue foi dando lugar a cabeças. Várias almas estavam enterradas ali com a cabeça virada pra cima, e eu ia caminhando por cima da cabeça dessas pessoas pisando em seus narizes, bocas e olhos a sensação era terrível. Mas eu tinha que continuar.

A cada passo eu sentia que minha alma estava mais forte, só que eu sentia que esta força era negra e não algo que me trouxesse paz. No que eu estava me transformando? O que iria acontecer comigo? Porque eu não conseguia me lembrar da minha família?

- Tom.
- Eu já sei o que você vai perguntar – ele disse rudemente – Você quer saber o porquê você está perdendo suas memórias não é?
- Isso mesmo Tom – parece que quanto mais perto chegamos dessa porta, mas eu me esqueço das coisas.
- Só tem uma pessoa que tem lembranças lá dentro Sara, e ele se chama Hitler.
- Mas eu não falo alemão Tom!
- Você não precisava falar alemão no inferno e nem no céu Sara, a linguagem aqui é universal, somente algumas coisas são ditas em uma linguagem própria, no céu falamos enoquiano e latim que é a língua dos anjos. No inferno se fala demogian e latim. Quando alguém morre não importa se vai para o céu ou o inferno ele ira falar um desses idiomas automaticamente.
- Então eu estou falando latim? – eu disse prestando mais atenção nas minhas palavras.
- Está.
- Mas porque eu não consigo perceber? – nesta hora percebi que eu realmente estava falando latim e me surpreendi – TOM! Eu consegui perceber, estou falando latim.
- Isso Sara é porque você agora tem consciência deste poder, a partir do momento que você entende que isto é possível você começa a viver o que você acredita, em várias religiões, por exemplo, no budismo isso é chamado de despertar e o passo mais complicado seria a iluminação.
- Hum, nunca entendi muito de religiões, mas estou começando a entender mais sobre o assunto com você Tom, obrigada. – eu disse segurando a curiosidade, pois eu queria continuar falando com o Tom ate ele esclarecer a conversa com o barqueiro, mas decidi respeitar a cara de poucos amigos dele.

Chegamos até o portão e senti uma sensação estranha de sucção, que logo sumiu!

- Owwwwwwwwww, Tom que sensação foi essa? – eu disse assustada.
- Acabamos de ser transportados para o sexto circulo do inferno onde encontraremos Hitler.
- Eu não sabia que podíamos ser transportados assim aqui.
- São alguns segredos que somente os anjos conhecessem Sara, é isto que nos permite andar rapidamente por aqui já que alguns dos nossos poderes são limitados nesse plano.

Caminhamos em direção a mesma porta sangrenta de antes, a única diferença era que eu sentia um vento gelado no ar.

- Vamos Sara, não temos tempo de apreciar a paisagem – disse Tom empurrando uma pedaço pequeno e obscuro do portão.
- Sara, daqui para frente você precisara disso – e Tom me entregou um pedaço de pau envernizado com aproximadamente 60 centímetros.
- Para que vou usar isso Tom?

Ele então calmamente puxou um punhado de fios do meu cabelo, somente nesta hora que percebi que meus cabelos estavam ruivos novamente, mas agora estavam em uma tonalidade vermelho sangue que me assustou. Percebi que poucos segundos depois dos fios se separarem do meu crânio eles foram ficando prateados e grossos.

- Argent in theca ut unam in nomen of ex agna ut vadum exsisto vitualamen! – nesta hora os fios se uniram e formaram um fio fino e brilhante, tom então amarrou este fio na ponta do pedaço de madeira e encurvando o mesmo amarrou a outra ponta do fio na outra extremidade, formando uma espécie de arco.
- Você vai fazer o que agora? Vai me dar umas flechas e me chamar de amazona?
- Não Sara, isto já é uma arma! Chama-se arco de corte. – nesta hora ele em um movimento rápido segurou o arco pelo meio e como se desse um soco encostou o meio do fio em uma coluna de ossos perto da gente, nada aconteceu.
- Hum, interessante eu disse rindo – nesta hora o meio da coluna de ossos foi deslizando calmamente para o lado, revelando um corte preciso e sem vestígios na mesma. Fiquei boquiaberta ao ver o quanto o corte foi silencioso e preciso.
- Use com cuidado – Tom disse me entregando o objeto – Você pode guardá-lo apoiando-o em seu ombro ele não ira te cortar graças à magia que usei - então sem pensar simplesmente passei meu braço por dentro do arco e o “vesti” como uma mochila, ele não me cortou.... ufa.

Entramos em um túnel escuro e úmido, vi que a umidade era por culpa do sangue que escorria das paredes como pequenas cachoeiras, comecei a ouvir gritos e murmúrios vindos de uma andar acima.

- Estamos quase chegando Sara, pronta?
- Sim Tom, só me diga por onde devo ir – eu disse estudando o grande pátio que agora surgia a minha frente. Ele era imenso com colunas de ossos por todos os lados, haviam pessoas presas de ponta cabeça no teto, ganchos cravados em um de seus tornozelos seguravam estas pessoas que ficavam balançando enquanto gemiam por culpa da dor, isto já não me partia o coração a um bom tempo.
- Você precisa chegar naquela porta – disse Tom apontando para o que parecia ser o terceiro andar daquele pátio de tortura.
- Ok Tom! Te vejo lá em cima – nesta hora corri para a lateral do pátio e vi dois demônios caminhado sem rumo para lá e para cá, decidi agir, precisava ser rápida.

Corri atrás de uma das pilastras de ossos que poderia me esconder, decidi me encolher o máximo possível e mentalizei que estava encolhendo. Nesta hora a corda do arco começou a me apertar, retirei-o rapidamente de mim e observei algo estranho, havia ali um impulso magnético, algo que fazia com que a corda e a madeira se atraíssem por mim. Coloquei minha mão perto da corda e a corda rapidamente foi atraída em direção a minha mão como um imã. Com certeza isso é estranho!

Não tive nem tempo de pensar, um dos demônios me agarrou pelos braços e me puxou para o meio do pátio, o outro veio correndo em minha direção. Eu empurrei o primeiro mais não tive tempo para o segundo que voou em cima de mim e me mordeu perto do pescoço, eu não conseguia reagir e o arco estava muito longe do meu corpo para que eu o pegasse, recebi outro mordida no braço o dor era imensa, eu queria gritar mas sabia que não adiantaria em nada.

Me concentrei e atrai as farpas de vidro para meu pescoço, o demônio se lançou em um novo ataque e eu também fiz o mesmo, quando seus dentes de aproximaram do meu pescoço três finas lascas de vidro saltaram do meu pescoço furando-lhe os olhos e o crânio. O outro demônio foi rápido e com força me agarrou pelo cabelo, idiota eu pensei! Seus dedos foram cortados em questão de segundos, com força eu fui chutada para um canto e enquanto me recuperava o demônio ia se reconstruindo, eu precisava acertar o cérebro dele, era assim que estes vermes iriam param de me encher.

O demônio correu em minha direção em um novo ataque, decidi atacar também, procurei o arco e me joguei em cima dele para alcançá-lo, enquanto eu ainda estava no ar senti a mão fria do demônio agarrando meu calcanhar e em um movimento rápido ele me lançou para o alto. Pensei em planar mas não deu tempo, enquanto caia meu tornozelo enroscou em um dos ganchos vazios do teto e me vi juntamente com os condenados que ficavam balançando ali pela eternidade.

- Shiaaaashiaaaaashiaaa – esta era a risada dos demônios no inferno – Você me esperará aqui condenada, balance o quanto quiser, logo virei te buscar com os centauros – dizendo isso ele saiu rapidamente por uma porta.

Eu estava fudida! Acabou ! Não! Não acabou ! A sensação de estar presa ali, me deixou desesperada e eu sabia que não tinha muito tempo...... AHHHHHHHHH! Gritei forte e senti um alivio que pareceu controlar a insanidade que pairava no ar naquela situação. Me concentrei e imaginei o que eu poderia fazer...

O arco! Olhei para ele a uns 6 metros de mim. Me foquei nele e estendi minha mão em sua direção, aos poucos ele começou a se mexer, o que era aquilo? Telecinesia? Não sei explicar se sim ou não o importante era sair logo dali, me foquei no arco e com muita força de vontade o puxei mentalmente para minha mão. Ele voou no ar e grudou em minha mão. Sem pensar duas vezes inclinei meu corpo para frente e bati a corda do arco na corrente que foi cortada como manteiga. A queda de uns 4 metros foi dolorosa já que não consegui me concentrar a tempo de abrir minhas asas, mas retirar o gancho do meu calcanhar foi muito pior.

Respirei fundo e comecei a escalar uma pilastra do outro lado pátio onde eu estava, era a única pilastra que me dava apoio para escalar. Chegando o mais alto possível dela, fiquei um pouco acima da porta onde eu encontraria Tom.

Nessa hora me dei conta de algo estranho, eu estava com sede, faziam anos que eu não sentia esta necessidade de beber alguma coisa, mas o pior era que eu sentia vontade de beber algo que não sabia o que era, ignorei esta vontade e me foquei em meu objetivo.Me joguei com força em direção ao outro lado do pátio e me concentrei em minhas costas, as largas asas negras em forma de sombra me seguraram no ar e me fizeram planar levemente até o outro lado do pátio, agora sim eu havia notado como as asas poderiam ser úteis.

Chegando ao outro lado nem sinal do Tom, vi um longo corredor onde eu via varias mãos e ouvia muitos gritos, havia uma grade enorme na minha frente que impedia que eu segui-se adiante, e a uns três metros à frente eu vi um molho de chaves em forma de pequenos crânios pendurado na parede. Como eu iria pega-los? Decidi tentar de novo atraí-los com minha telecinesia. Me foquei bem na chave com a mão estendida pra frente e me concentrei, fui “puxando” a chave com a mente e ela foi se movendo da parede e veio flutuando de uma forma desengonçada em minha direção.

Quando segurei a chave senti uma sensação estranha de fraqueza e mais sede, ignorei novamente e comecei a tentativas de abrir o portão, eu tinha sete chaves em minhas mãos e somente uma única chave branca conseguiu abrir a grande grade de aço.

Após atravessar o portão, consegui ouvir o demônio atrás de mim, juntamente com os centauros.

- Shaaaaaaaaaaaaaa, ela estava aqui, estava pendurada no gancho junto com os outros porcos, shaaaaaaaaaaaaaaa não sei como ela escapou!
- Não se preocupe Vernin, iremos acha - lá, esta humana nunca sairá daqui! – após isso ouvi passos rápidos indo para longe do pátio.

Voltei minha concentração para o corredor e fui caminhando ate o final onde havia uma grande porta vermelha, nas outras celas eu via homens e mulheres se mastigando, outros apenas ficavam parados enquanto baratas e vermes comiam seus corpos que se reconstruíam logo em seguida, a cena era lastimável e nojenta.

Chegando a porta vermelha, a abri cuidadosamente com outra chave.

- Olá visitante – me disse um homem baixo com cabelo liso virado para o lado e um bigode bem desenhado abaixo do nariz.
- Hitler – eu disse com cara de poucos amigos.

A cela dele era aveludada, haviam livros em sua estante e havia uma mesa com vários pergaminhos e no canto uma cama que parecia ser muito confortável. O local parecia limpo e muito organizado, mas havia algo errado ali. Em suas costas haviam dois ganchos presos em duas extremidades do quarto, ele estava preso ali.

- Como você conseguiu chegar aqui mocinha?
- Chegando Hitler, não tenho tempo para conversas, preciso saber como saio do inferno.
- Saia pela porta oras! Pelo que vejo você esta muito equipada para somente fugir daqui. Tenho certeza que você seria uma peça valiosa para o céu ou para o inferno quando estiver pronta.
- Pronta para que?
- Para ajudar na .... – nesta hora Tom apareceu do nada ao meu lado.
- Cale a boca espírito imundo – ele disse rudemente.
- Vocês vêem ao meu encontro para me maltratar? Me humilhar? Vocês não passam de dois vermes perdidos no inferno – disse Hitler sorrindo sarcasticamente.
- Eu sou um anjo Hitler, lembra-se de mim? Thomaziel.

O silêncio foi profundo, Tom e Hitler se olharam e então senti que os dois se reconheceram.

- Eu te invoquei uma vez Thomaziel, eu deveria ter vencido aquela guerra, eu deveria comandar todo o mundo. Mas você me traiu não me avisou sobre meus inimigos e acabei aqui sem imortalidade, sem vitoria, sem nada!
- Você esqueceu de falar que todos acham que você se suicidou também – disse Tom sorrindo, ao perceber que acabara de ferir o orgulho de um dos ditadores mais cruéis que o mundo já teve.
- Mocinha não confie nele! Ele tem sempre um bom motivo para se unir a humanos ou condenados! Não acredite nele.
- Adolf, só tenho uma pergunta a te fazer. Onde está Rasputin? Ele está com a lança?
- Hahahahahahaha, você acha que irei ajudá-lo Thomaziel? – Hitler disse com um sorriso nos lábios.
- Sim, você vai me ajudar, porque senão você será julgado como qualquer condenado que mereça vir ao inferno. Então você poderá esquecer suas regalias e seu aprisionamento cheio de conforto e livros.
- Eu tenho um pacto com Lúcifer Thomaziel, você não poderá me privar disso por mais que queira, hahahahahahaha.
- Eu não posso, mas ela sim! – ele disse apontando para mim.
- Como assim Thomaziel – eu disse sem entender.
- Ela é uma hibrida Thomaziel? – Hitler perguntou enquanto me olhava com o nariz empinado, mas eu conseguia enxergar medo em seus olhos assustados.
- Sim Adolf, ela é uma hibrida. Você pode nos ajudar, ou ela pode cortar as correntes de suas costas e você poderá ser julgado da maneira correta por aqui, qual opção você prefere?
- Eu....eu....eu prefiro ajudar. – ele disse mantendo uma falsa arrogância na voz.
- Ótimo Adolf, onde Rasputin está?
- Da ultima vez que o vi ele estava em Nova York, atrás de um anel iluminatti.
- Como ele está caminhando no mundo humano Adolf?
- Ele está usando um avatar de um humano jovem chamado Lucas Rodrigo de Azevedo. Não tenho nenhuma informação a mais que esta.
- Rasputin sabe onde esta a lança?
- Rasputin sabe até que você ira atrás dele Thomaziel, e se você não se cuidar ele saberá até como você vai morrer.

Nesta hora Tom olhou para baixo, e com um misto de raiva e desprezo observou friamente Adolf Hitler.

- Acho que devo retribuir seu favor e sua ousadia Adolf. Sara por favor corte as correntes.
- O que você esta pensando Thomaziel, tínhamos um trato! – ele disse assustado enquanto alisava uma parte do seu bigode e dava um passo para trás recuando.
- Eu te dei apenas duas alternativas Adolf, não fiz um trato com você.
- Agora eu entendi, você só conseguiu chegar aqui por causa dela não é? Você não conseguiria me rastrear sozinho! Você já tinha tudo planejado, você é um verdadeiro filho da puta, Thomaziel, eu adoraria que você fosse um judeu na minha época para eu congelar você, depois eu colocaria seus pedaços para descongelar e alimentaria meus cães com sua carne. Espero que você queime no inferno seu traidor do caralho.
- Corte as correntes Sara.

Em um movimento rápido me aproximei de Hitler e passei a corda do arco pelas correntes que se cortaram facilmente.

- Aproveite sua estadia daqui para frente seu verme – eu disse enquanto me afastava dele com cuidado. Várias sombras começaram a aparecer pelos cantos do quarto, e foram abraçando Hitler enquanto o levavam para um canto negro do quarto. Lá ele foi despedaçado, seus membros foram separados de seu tronco e cada sombra levou um membro do corpo de Hitler para lugares diferentes do inferno.

- Nós o veremos de novo Tom?
- Não inteiro , ele disse com um leve sorriso nos lábios.

Saímos por uma porta estranha no final do corredor que nos levou a um túnel enorme, neste túnel senti de novo a estranha sensação de ser transportada por algum tipo de portal para outro lado do inferno. Parei no meio do túnel me sentindo um pouco mal, Tom me esperou e me olhou preocupado.

- Ande Sara, temos que sair daqui logo – ele disse com urgência na voz.

Respirei fundo e senti um vento gelado, nessa hora tive uma grande surpresa, alguns pedaços de vidro em meu corpo foram se movendo levemente e dolorosamente para minhas mãos, levantei minhas mãos e as observei atentamente, unhas curtas foram rasgando minha carne e foram cobrindo meus dedos.

- Tom! Olhe isso! Minhas unhas.... estão nascendo. – eu disse dando uma risada histérica enquanto sangue pingava das pontas de meus dedos. Ele me olhou assustado.

- Você está bem? Você esta tremendo! – senti a preocupação dele ao me olhar.
- Eu estou ótima, só estou com frio! Muito frio, mas olhe Tom minhas unhas, olhe que lindas, sempre gostei de unhas vermelhas! Ela podem ficar assim para sempre... Hahahahahahahaha!
- É seu sangue Sara .... Sara... você está me ouvindo?

Senti uma euforia estranha com a dor, senti raiva, prazer e adrenalina, comecei a tremer – Hahahahahaha, Tom minhas unhas, hahahahahaha – nesta hora sem conseguir me controlar comecei a arranhar minha barriga e meus braços e o sangue continuou a escorrer das feridas recentemente abertas.... Eu estava enlouquecendo!

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