sexta-feira, 26 de março de 2010

Capitulo 02 – O Beijo da Foice


Todas as cores a minha volta foram sumindo e me senti como em um filme antigo, o sangue que escorria do meu corpo não estava mais vermelho estava se tornando negro como piche e nesta hora consegui sentir meu corpo novamente e também senti a presença dela.
O capuz negro e a grande foice pareciam ter saído de um filme de terror, mas eu não conseguia sentir medo nem pavor sentia apenas uma estranha sensação de alivio enquanto me movia devagar e me colocava de joelhos, não sei por qual motivo.
Ela me observava há uns três metros de distância, então veio caminhando devagar em minha direção pisando em meu sangue negro. Sua mão se levantou e vi a caveira por debaixo do capuz com olhos negros, então sua foice subiu rapidamente até o céu e posso jurar que vi um brilho que me lembrava mais uma autorização divina, que dizia á morte que ela estava liberada a realizar ali meu julgamento eterno.
O silêncio era desconfortável e o golpe veio em direção ao meu crânio, a foice dançou firme como uma bailarina pelo ar e a face da lâmina encostou em meus lábios e os foi cortando devagar como um beijo sutil e delicado dedicado a uma virgem. O corte continuou até que senti que uma parte do meu crânio não estava mais junta a meu corpo. Instintivamente coloquei a mão no topo da minha cabeça e senti que ela estava normal sem nenhum corte, o que havia acontecido?

Olhei para a morte á minha frente que em um movimento simples encostou a foice nos ombros e foi caminhando para longe de mim, nesta hora fiquei em dúvida.

- É só isso? – eu gritei enquanto ela caminhava para a escuridão e sumia.

Foi então que me arrependi de ter gritado, pelas sombras vieram almas rastejando em minha direção e senti um cheiro podre no ar, me virei para correr e nesta hora vi um homem alto e magro na minha frente, ele era pálido e bonito, mais eu conseguia sentir algo de errado na presença dele ali.

- Olá Sara de Oliveira Camargo! – ele disse enquanto sorria sutilmente para mim.
- Olá, quem é você?
- Sou Ramon, seu agente de viagens! – nesta hora em um movimento brusco ele esticou sua mão e perfurou profundamente meu estômago puxando para fora meu intestino e outros órgãos, a dor era insuportável e eu gritei !!!

- NÃOOOOOOO, Por favor pare com isso, por favor, ai meu Deus pareeeee!
- Deus não pode te ajudar agora, mocinha!

Nesta hora, os demônios que estavam no chão começaram a mastigar meu intestino e começaram a puxar meus órgãos para as sombras, eu segurei meu intestino enquanto continuava a sangrar e a gritar! Cai no chão com os fortes puxões que estavam recebendo dos demônios e o Ramon andava atrás de mim vendo a cena e rindo, os demônios continuavam puxando meus órgãos e fui sendo arrastada para um beco, foi então que vi um mendigo de cinza de pé na esquina me olhando.

- Por favor me ajude! – eu gritei, ele apenas abaixou a cabeça e saiu andando.

Nas sombras senti várias mãos pegando eu meu corpo, e como se não basta-se
sentir meus órgãos sendo devorados eu senti a pior das sensações, mãos rasgavam minhas roupas e entravam em todos os orifícios possíveis e eu sentia muita mais muita dor. Senti na escuridão do beco mãos segurando minhas pernas e meus braços e estes foram sendo puxados devagar e ouvi o som dos meus ossos sendo quebrados enquanto eu sofria um tipo de crucificação.

Onde estava Deus nesta hora? Então gritei:

- Deus me ajude – a resposta a este pedido foi imediata, os demônios puxaram mais forte meus braços e minhas pernas e então o barulho dos ossos cessou e comecei a ouvir o barulho da carne rasgando e esticando enquanto cada músculo e nervo era partido. Senti o desmembramento acontecer de forma dolorosa e lenta, quando parecia que ela nunca iria acabar, apaguei!

Acordei em um lugar enorme, quente, meio escuro e com chamas saindo de algumas rochas, o chão era forrado de pequenas pedras brancas.
Eu estava nua sem cabelo sem dentes e sem unhas. Em minhas costas haviam cacos de vidro como também em minhas nadégas, na minha barriga e em meus braços e pernas, eu não sentia dor alguma, mas percebi que por causa dos cacos eu não podia deitar nem me sentar há única forma que eu podia descansar era de joelhos. Foi então neste movimento de me ajoelhar que senti muita dor nos joelhos e pegando umas das pedrinhas brancas do chão que percebi que estava me ajoelhando em uma interminável camada de dentes.

Comecei a chorar e nesta hora percebi que minhas lágrimas salgadas haviam se tornado ácido sulfúrico e começaram a queimar minha face. Tentei enxugar mais já era tarde demais as costas das minhas mãos e minhas bochechas estavam derretendo e a carne escorria, pingando no chão de dentes. Eu gritei por causa da dor e como em um piscar de olhos, minha carne estava intacta novamente, e me esforcei para não voltar a chorar e assim evitar um novo sofrimento.
O desespero aumentava a cada minuto, eu não podia me deitar nem me sentar e me sentia muita cansada, não podia chorar, não podia fazer nada!

- Olá Sarah, como anda sua visita a nossa recepção? – disse Ramon agora com um terno preto e uma xícara de chá na mão.
- Por favor, me tire daqui - eu disse segurando minhas lágrimas.
- É claro Sarah, na verdade eu vim te tirar daqui – ele disse sorrindo – tome este chá que te levarei para longe daqui, prometo, sei que você já sofreu demais.

Eu peguei a xícara e tomei devagar o chá que ele me ofereceu, sentia o calor e o cheiro de um chá feito na hora, e todas estas características sumiram em segundos, senti um gosto amargo em minha boca e percebi que estava bebendo sangue.

- Parabéns! Você acaba de ganhar sua passagem para o sexto andar do nosso hotel! – ele virou as costas e caminhou para longe de mim.

Os cacos de vidro fincados em meu corpo começaram a se mexer e foram se aprofundando em minha carne e então os senti me cortando por dentro, a dor era intensa e não conseguia nem mesmo respirar, chorar ou gritar. Por culpa da dor desmaiei novamente.
Acordei em uma tábua que estava no meio de um Rio que parecia lava. Envolta deste Rio vi milhares de cruzes de ponta cabeça com pessoas penduradas, estas eram queimadas vivas e seus gritos não cessavam nem por um segundo. Bem adiante vi algumas árvores que me lembravam pessoas, estas árvores eram cortadas por demônios e sua madeira ensangüentada era usada para alimentar o fogo dos crucificados, após cortarem á madeira desta árvores vivas os galhos cresciam novamente em segundos.

Ao longe eu via centauros que atiravam flechas em condenados que tentavam correr das flechas, mas nunca conseguiam. As flechas entravam em seus corpos e saiam por seus olhos em um ciclo interminável de torturas.
Nesta hora vi uma luz em um canto afastado, foi então que tive minha última chance de observar o inferno, ao prestar mais atenção para o rio onde estava notei milhões de almas se afogando logo abaixo de mim e nesta hora a madeira que me mantinha boiando no rio de lava começou a afundar. Várias mãos me agarraram e meu corpo foi sendo puxado para baixo, meu corpo começou a queimar instantaneamente, os cacos de vidro que estavam dentro do meu corpo derretiam e saiam pelos meus poros e meus olhos como agulhas e quando estavam quase sendo expelidos eles derretiam e voltavam para dentro do meu corpo. Eu me afogava engolindo fogo, sendo puxada para o fundo pelas outras almas condenadas e sofrendo com as agulhas de vidro que completavam minha tortura... Estive dentro deste rio por 40 anos.

Enquanto estava me afogando eu tinha alguns relances da parte de cima do rio de lava, mas quando eu tentava tirar minha cabeça da lava para tentar respirar as agulhas de vidro me cegavam e eu continuava assim durante anos, foi então que em uma dessas intermináveis tentativas eu vi um pedaço de ferro esticado acima da minha cabeça.
Estiquei ferozmente minha mão e agarrei a barra de ferro, então senti meu corpo ser puxado com força para fora do rio, um homem velho com uma roupa cinza e jeito de mendigo estava ali me resgatando e me lembrei dele quando fui carregada para o inferno.
Com esforço me ajoelhei na beirada do rio vermelho (apelidei assim meu caixão no inferno), ao sair do rio fiquei ajoelhada e com medo me afastei do mendigo.

- Calma minha criança estou aqui para te ajudar? – ele disse calmamente sem sorrir.
- Vai á merda seu filho da puta, eu sei como você deseja me ajudar – eu disse rapidamente enquanto tremia de fúria.
- Você está confusa criança, eu apenas vim para te ajudar a sair daqui, eu posso lhe ajudar em seu descanso eterno.
- Enfia o seu descanso você sabe aonde, me deixe em paz! SAIA DAQUI! – eu gritei.

Ele devagar virou as costas para mim e se sentou em uma pedra a mais o menos 10 metros de distância e ali ficou.
Eu comecei a chorar e as lágrimas como de costume queimaram ao sair e foram derretendo minha pele, eu não me incomodei por já estar um pouco acostumada à dor e continuei chorando até que meus ossos ficassem expostos, então não sei quanto tempo depois, parei de chorar e como de costume minha carne se regenerou instantaneamente.

Me levantei e caminhei em direção ao mendigo que estava sentado na pedra, neste pequeno caminho de dez metros percebi uma linha vermelha no chão de dentes, e parei antes de atravessá-la.

- Você fez certo criança, você ainda não pode atravessar esta linha – ele disse calmamente.
- Me chame de Sara! - eu disse.
- Você percebe que está sendo torturada há muito tempo e algo assim machuca eternamente uma alma, deixando em você marcas irreversíveis. Você percebe isso?
- Sim velho eu percebo, mais sinto que não existe nada de bom no universo.
- Existe sim minha crianc.... quer dizer Sarah, mas você se lembra do porque que você esta aqui? – ele disse calmamente enquanto olhava em meus olhos.
- Eu... eu... matei um amigo. – eu disse cheia de remorso.

Ele se abaixou e pegando um pedaço grande de osso no chão se apoiou nele e se levantou da pedra, mantendo o pedaço de osso como um cajado.

- Você não matou um amigo... você matou um inocente! – a voz dele estava séria e gelada.
- Eu... – não consegui falar mais nada, passei as mãos pela minha cabeça na antiga intenção de alisar meus cabelos, mas continuava, sem cabelo nem dentes nem unhas.
- Aceite este fato – ele disse calmamente – e se deseja realmente sair daqui venha comigo e se prepare para uma jornada que será pior que sua vinda para cá.
- Você tem certeza que pode me tirar daqui? – perguntei incrédula.
- Não! Eu não tenho este poder, mais Deus têm! – ele disse esboçando um leve sorriso onde percebi que lhe faltavam alguns dentes – Só que Sarah, eu não posso te ajudar em toda sua jornada então você precisa se preparar para sair, e isto implica em negociar no inferno por alguma moeda de troca, seja sábia ok? – não entendi na hora mais entenderia pouco tempo depois.
- Ok! Tentarei ser sábia – eu disse sentindo a primeira pontada de esperança em anos.
- Você não pode passar por esta linha vermelha enquanto não tiver dentes. Os dentes representam todo o alimento que você absorveu enquanto viva e eles te darão liberdade para caminhar por aqui.

Eu me agachei e com um movimento simples, peguei um punhado de dentes no chão e os joguei sobre a linha vermelha.

- Resolvido! – eu disse sorrindo, foi então que todos os dentes que eu joguei voltaram para mim como tiros e perfuraram todo meu corpo, me causando uma dor imensa! E como sempre após qualquer tortura meu corpo se regenerou rapidamente.
- As coisas aqui não são tão simples Sarah, não seja afobada, calcule antes de tomar alguma decisão senão você mesma se jogará de novo na piscina vermelha ali atrás.
- Eu apenas achei que... me perdoe... seu... me desculpe eu ainda não perguntei seu nome.
- Me nome é Thomaz, mas você pode me chamar de Tom, tudo bem?
- Sim Tom, agradeço toda sua ajuda.
- Não se preocupe o importante é você se ajudar também.
- Tom me diga onde realmente estou?
- Aqui Sarah é o inferno, você está no sexto circulo do inferno onde acontecem algumas punições “eternas”. Os hereges são queimados, os assassinos são submergidos no rio de fogo como você já deve ter percebido – ele sorriu de maneira sem graça e eu não esbocei nenhuma reação, ele então continuou - os violentos com o próximo ficam sendo atingidos por flechas dos centauros, e os violentos contra si mesmos são transformados em árvores. Temos também atrás das árvores o espaço dos esbanjadores que são perseguidos e devorados por cadelas ferozes e famintas, geralmente conhecidos como cães do inferno, e é lá que você precisa buscar seus dentes.
- O que? Você está louco? Você quer que eu vá atrás de cadelas do inferno ou cães do inferno sei lá, coloque uma coleira nelas e leve-as para passear? – eu disse incrédula.
- Não Sarah, você precisa matar uma destas cadelas e após fazer isso você simplesmente retira os dentes dela e coloca em sua boca.
- Como vou matar um bicho do inferno? Você não percebeu que tudo aqui se regenera?
- As almas que são punidas se regeneram! Quem puni aqui, não se regenera! Entendeu?
- Estou começando a entender Tom. Como mato estas cadelas?
- Estas cadelas tem o sangue com a mesma composição do rio que você estava mergulhada, você se lembra que somente por ter contato com este rio o vidro dentro do seu corpo saltavam para fora e voltavam novamente para dentro?
- Sim eu me lembro muito bem disso.
- Chegue perto do rio e estenda sua mão para a lava.

Respirei fundo e olhei para ele com medo de que aquilo fosse mais uma armadilha do inferno para mim.

- Não se preocupe Sarah, confie em mim, por favor.

Cuidadosamente cheguei perto do rio e me agachei, e estendi bem devagar minha mão para perto da lava com medo de ser puxada, mas percebi que as almas estavam fundas ali e então me concentrei no calor. Com uma intensa dor e muito sangue vi uma enorme farpa de vidro saindo da minha mão por alguns segundos e então quando me afastei do rio ela voltou para dentro do meu corpo me causando a mesma dor de antes.

Caminhei para perto do tom sem ultrapassar a linha vermelha que me separava dele.

- Entendi o que você quis me ensinar Tom, devo caçar um cachorro?
- Sim, mas na verdade você deve abraçá-lo com força.

Consenti com um movimento simples de cabeça e contornando o rio caminhei em direção as árvores que gemiam.


Tentei acelerar os passos e me esconder dos demônios que alimentavam as fogueiras logo à frente. Observando bem percebi que eles pareciam robôs trabalhando sem parar, e decidi correr para aquela floresta vermelha. Desviei rapidamente de algumas flechas e consegui com muita agilidade me desvencilhar de algumas almas atormentadas que tentavam me usar como escudo para as flechas ferozes que caiam do “céu”.


- Olá garota, você sabe que eu não fiz de propósito, eu só estava triste e não suportava mais viver – ouvi uma arvore falar enquanto eu passava.

Várias arvores me viam passar e pediam desculpas por terem agido de forma errada, nesta hora senti pena dos suicidas.

Caminhei por algumas horas entre estas árvores e então cheguei a um espaço enorme, onde pude observar várias pessoas correndo de grandes cachorros vermelhos. Percebi que os olhos destes cachorros e os dentes eram de humanos, e dava para perceber que haviam machos e fêmeas ali. Várias pessoas corriam desesperadas e os cachorros de forma simples e sem esforço as mastigavam, rancando membro por membro enquanto as mesmas corriam (enquanto ainda tinham pernas), algumas rastejavam e logo eram devoradas. Então percebi que após serem devoradas as mesmas, surgiam do chão e voltavam a correr sem parar e todo o ciclo recomeçava.

Devagar observei o cão do inferno que estava mais perto de mim, e percebi que seus olhos eram vermelhos como o fogo e que sua respiração era tão quente que fazia nuvens de vapor saltar de suas narinas, era uma fêmea.

Me preparei para agarrar a primeira cadela que encontra-se pela frente e uma coisa me fez mudar de idéia. E se eu fosse devorada por uma daquelas cadelas?

O medo fez com que uma delas para-se de caçar um condenado e se vira-se devagar para mim. Me escondi rapidamente atrás de uma árvore segurando o máximo possível minha respiração, foi então que tive mais uma surpresa. Devagar as agulhas de vidro que viviam agora dentro do meu corpo começaram a sair de minha pele e do lado de fora derreteram me transformando em uma tipo de espelho ambulante, me assustei mais continuei sem respirar, a cadela raivosa simplesmente se virou como se minha presença tivesse sumido e então continuou a caçar outra alma.

O que eu havia me tornado? Será que eu estava me transformando em um demônio também? Só sei que cada coisa nova que eu descobria me causava muita dor, e percebi que pequenos truques tinham um grande preço... uma breve tortura.

Voltei a respirar e evitei sentir medo, pois parecia que isso atraia as cadelas, me preparei de novo atrás da árvore imaginando como eu saltaria em cima de um cachorro enorme daqueles.
Nesta hora vi uma brecha após comer uma alma muito perto de mim a cadela se deitou esperando que uma nova leva surgisse do chão para que ela volta-se a se divertir.

Respire devagar e se concentre eu disse para mim mesma, você consegue.

Foi então que corri detrás da arvore e de forma rápida me lancei sobre a cadela do inferno, o animal se virou rapidamente e com uma patada me lançou de lado se desvencilhando do meu ataque. Nesta hora decidi correr, mas uma alma tinha acabado de surgir do chão e segurou minha perna.

- Me ajude, por favor!
- Me solta porra! – eu gritei chutando a cabeça da alma que logo viraria comida das cadelas ferozes.

As outras cadelas continuavam caçando outras almas e pareciam não notar minha presença então eu teria que lutar com somente uma.
Pensei demais, com um movimento forte a cadela se jogou para cima de mim com o dentes amostra e com dificuldade desviei minha cabeça para o lado evitando que ela a arranca-se com uma só mordida, e fui jogada ao chão.

- Vem me pegar sua filha da puta! – eu falei com raiva.

A cadela se lançou novamente sobre mim, eu saltei para o lado e com um único impulso voei para cima dela abraçando seu pescoço com força.

Me concentrei em meu sangue de vidro e no sangue de lava da cadela que estava prestes a se virar e me atacar novamente, eu não podia falhar. Meu corpo reagiu ao calor instantaneamente e as longas agulhas de vidro foram rasgando meu corpo e perfurando o corpo da cadela que não teve tempo nem de grunhir, já que uma enorme farpa de vidro que saiu do meu peito acabava de atravessar seu cérebro.

Empurrei meu corpo para longe da cadela e as agulhas de vidro retomaram seu lugar em meu corpo, respirei fundo e devagar coloquei minha mão dentro da boca da cadela puxando seus dentes para fora. Os dentes caíram no chão separados, e sem explicação se juntaram formando uma arcada perfeita parecida com a que eu tinha antes.
O sangue quente da cadela escorria pelo chão e sentindo toda aquela dor e aquele calor me lembrei dos anos em que estive afogada no rio de fogo além das árvores falantes.

Peguei o conjunto de dentes do chão e com um movimento suave os coloquei dentro da minha boca. Eles foram se movendo e a ponta de cima dos dentes foram se cravando dolorosamente em minha boca, após isso senti uma enorme ânsia de vômito e comecei a vomitar sangue, muito sangue. Então percebi que aquilo não era meu sangue, era o sangue que o demônio Ramon havia me oferecido.

Minha respiração estava mais controlada e senti uma estranha sensação de sanidade. E percebi que minha concentração e minha audição estavam muito melhores.

Estava na hora de voltar para perto de Tom, e assim seguir minha jornada.

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